domingo, 24 de abril de 2011

A Páscoa no nosso mundo particular


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Um tempo que nos ajuda a ler as páginas de nossa vida
A Páscoa é o dia mais importante para os cristãos, pois comemora a Ressurreição de Jesus Cristo, a passagem da morte para a vida. A Igreja celebra a Morte redentora de Jesus e a Ressurreição d’Ele, por meio da qual a esperança de uma vida nova foi resgatada. Pensar em morte e ressurreição, quando gozamos de plena saúde, pode parecer viver alguma coisa que está muito além do nosso tempo. Afinal, espera-se por algo que somente deverá acontecer após a nossa morte...
O tempo – que antecede a Páscoa – é chamado de Quaresma, período de especial preparação, no qual a Igreja caminha com os fiéis para a prática da conversão cotidiana e mudança de vida. Pode-se pensar que o tempo quaresmal é para ser vivido apenas por aqueles que estão na Igreja, para os “carolas”, chamados por alguns de radicalistas ou retrógrados. Mas esse tempo de “retiro” nos ajuda a ler as páginas de nossa vida sob a luz d’Aquele que nos chama a nos aproximarmos d’Ele. Além da nossa alma, muitas outras coisas precisam ganhar vida nova em nós, tanto no convívio como nas responsabilidades e procedimentos.
No decorrer de nossa vida percebemos que, muitas vezes, somos influenciados por situações ou pessoas. Algumas influências são positivas; outras, nem tanto. Sem muito esforço, notamos que aquilo que antes era importante, hoje deixou de sê-lo; que o que era tido como falta grave, com o tempo, passou a ser tido como natural para muitos, mesmo que isso implique no prejuízo de outrem; não importa, desde que se obtenha algum lucro. Da mesma forma, o que era defendido com ardor – como, por exemplo, a vida – passou a ser considerada, muitas vezes, como estratégia de marketing sócio-político.
Às vezes, aceita-se, com tranquilidade, algumas questões polêmicas, as quais sutilmente minimizam o peso de um compromisso. Se houver repulsa quanto a esses conceitos, não se hesitará em condenar a Igreja como aquela que atravanca o  "progresso". Assim, a vida vem sendo mergulhada num mundo cinzento, com a falta de esperança e de valores.
É interessante notar que acontece também uma grande mobilização do comércio nas grandes celebrações cristãs. Para a indústria e o comércio, os quarenta dias, que antecedem a Páscoa, significam preparar-se para uma maior produção de chocolate. Para a imprensa, significa noticiar o crescimento das vendas – comparadas ao ano anterior – e o corre-corre nos supermercados e lojas. E o comércio se transforma em grandes estandes ofertando uma imensa variedade de ovos de chocolate, que seduzem crianças e cujos preços assustam os pais. Sedadas pelas doces abordagens, promovidas pelo comércio, muitas pessoas se limitam a se recordar das festas cristãs somente como tempo para se presentearem.
Não se pode negar que somos também envolvidos por toda essa articulação vinculada pela mídia – associada às estratégias do comércio. Neste ano, podemos mudar este cenário buscando viver essas celebrações de forma diferente, mudando nossas vidas e atitudes.
Muitos fiéis aguardam, em vigília, a Ressurreição de Cristo. Nós devemos esperar por isso e nos abrir para que essa ressurreição também aconteça em cada um de nós, em cada mundo particular, em nossa maneira de pensar e de agir. De forma a permitir que esta mesma ressurreição brilhe em nossos olhos para que percebamos nossa própria realidade. Dessa maneira, pouco a pouco, percebemos que o que deve nos animar não é somente o instinto de sobrevivência, mas o Espírito Santo de Deus, que nos sustenta e nos estimula a crescer na graça de sermos filhos do Altíssimo.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta-feira da Paixão do Senhor


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Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito
A Igreja, com a meditação da Paixão de seu Senhor e Esposo e com a Adoração da Cruz, comemora a sua origem, nascida do lado de Cristo crucificado, e intercede pelo mundo. Na celebração da tarde de Sexta-feira Santa, recebemos em comunhão o Corpo do Senhor. “Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito”.

Is 52,13-53,12
Sl 30 (31),2.6.12-13.15-16.17.25 (R/. Lc
23,46)
Hb 4,14-16; 5,7-9
Jo 18,1-19,42

Roteiro diário

Oração: Reze esta oração, composta pelo Papa Paulo VI. Pouco a pouco, você saberá repeti-la com calma e ser acompanhado por ela muitas vezes durante o ano.

Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande, aberto à vossa silenciosa e forte palavra inspiradora, fechado a todas as ambições mesquinhas, alheio a qualquer desprezível competição humana, compenetrado do sentido da santa Igreja! Um coração grande, desejoso de se tornar semelhante ao coração do Senhor Jesus! Um coração grande e forte para amar a todos, para servir a todos, para sofrer por todos! Um coração grande e forte, para superar todas as provações, todo tédio, todo cansaço, toda desilusão, toda ofensa! Um coração grande e forte, constante até o sacrifício, quando for necessário! Um coração cuja felicidade é palpitar com o coração de Cristo e cumprir, humilde, fiel e firmemente a vontade do Pai. Amém.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O barulho das palavras


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Escutar significa receber alguém dentro de nós
Dizem que quando Deus quer falar, não precisa do barulho das palavras, fala nos acontecimentos, no silêncio da natureza, fala como quer e do jeito que quer. Mas será que quando o Todo-poderoso quer falar estamos dispostos a ouvi-Lo? Eis a questão. Parece que, nos dias atuais, nossos ouvidos estão sempre ocupados. Escolhemos o que queremos ouvir, colocamos o fone e esquecemos o mundo à nossa volta. Como o Senhor costuma falar de um jeito sempre novo, fica difícil conseguirmos identificar Sua voz. Talvez nem paremos para pensar sobre isso, mas o fato é que a vida segue um ritmo tão acelerado que já não temos tempo para ouvir: nem uns aos outros nem a Deus.

Escutar é uma bela arte, saber falar também... Acredito que, se estamos buscando um crescimento espiritual, precisamos dar passos neste sentido, porque só conseguimos ouvir a voz de Deus se nossos ouvidos estiverem treinados em ouvir as pessoas. Você sabe o que se passa com a pessoa que está ao seu lado, seja no trabalho, em casa ou na escola? Costuma perguntar como foi o dia daqueles que convivem com você? É fácil perceber que há pouco interesse em ouvir o outro, talvez porque para fazê-lo é preciso esvaziar-se de si mesmo, e este é um desafio que, apesar de construtivo, nem sempre é apreciado.

Hoje dizer “faça silêncio”, talvez não seja a solução se quisermos crescer como pessoa, pois existem vários tipos de silêncio e nem todos são produtivos. Há silêncios, por exemplo, que são tidos como sábios. Outros, como necessários e outros ainda como indiferença. Portanto, antes de “resolver silênciar, precisamos ter a motivação certa. Já que, muitas vezes, a maior caridade não é simplesmente calar, mas sim ouvir e acolher a quem precisa falar.

É assustador, mas real, há muitas pessoas morrendo porque não conseguem ninguém que as escute. Ocupados com aquilo que escolhemos ouvir, vamos nos deixando embalar pela música que nos toca e não pelas situações que nos cercam.

Outro dia fiquei admirada com o que presenciei. Estava em um consultório médico e chegaram dois jovens, um rapaz e uma moça, não sei se eram irmãos ou amigos, não creio que seriam um casal, apesar de terem chegado juntos. Já sentados, trocaram algumas palavras e, em alguns minutos, cada um colocou o fone nos ouvidos e o silêncio reinou. Passei um bom tempo ainda no lugar e não os ouvi trocar uma palavra sequer. Coisa estranha, não é? Por que será que o som que sai do fone é mais interessante do que a vida de quem está ao nosso lado? Por que será que os meios que vêm para comunicar acabam nos roubando a comunicação? Penso que é hora de darmos mais atenção à forma como temos lidado com essa realidade e valorizarmos mais o diálogo.

Tanto as palavras como o silêncio têm sua força, negativa ou positiva; é grande sabedoria saber usá-los, mas é preciso usá-los. As palavras fazem parte da nossa essência, comunicar é preciso! Com palavras nos aproximamos ou nos afastamos do outro, apaziguamos ou ferimos. Damos ou tiramos a vida. Marcamos nossas escolhas com palavras e falar com a vida, com paixão, com os olhos, com os gestos, com a alma e com amor é transmitir esperança a quem nos ouve. Porém, na hora de escutar as pessoas, o barulho das palavras não ajuda nada. E aí entra o importante papel do silêncio.

Escutar significa receber alguém dentro de nós, em nosso coração e isso quase sempre se dá no silêncio. Por isso, é preciso ouvir a pessoa ! Não o que dizem da pessoa ou o que imaginamos a seu respeito, mas escutar a própria pessoa. Dar tempo para a pessoa falar. Parar o que estamos fazendo e olhar para a pessoa com a atenção que ela merece. É mais do que simplesmente ouvir palavras, é acolher a pessoa do jeito que ela está, com suas dores ou alegrias. É exigente, mas benéfico, pois quando escuto o outro, aprendo com ele, cresço com suas experiências e evito muitos erros.

Já observou que nossos problemas, muitas vezes, tomam proporções maiores do que as reais, justamente porque não escutamos as pessoas? Fiquemos atentos e procuremos dar mais atenção àqueles que nos cercam. Silenciar, sim, o silêncio tem um valor incalculável, mas que nosso silêncio não seja de indiferença e sim de acolhimento.

Penso que saber ouvir e saber falar é antes uma questão de respeito e amor à própria vida. Praticar essa arte é um dom.

Se enquanto você estiver lendo este texto, perceber que o barulho das palavras o tem impedido de ser melhor, tenha a coragem de recomeçar, silenciando. Por outro lado, se perceber que seu silêncio não tem produzido vida, saia dele o quanto antes e vá ao encontro do outro, levando uma palavra de esperança. Em todo caso, viva bem o hoje; apaixone-se pela vida. Partilhe suas lutas e conquistas. Faça pausas para escutar os outros e, pela força da comunicação, dê mais qualidade aos seus dias e seja feliz.

Por que existe o sofrimento?


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O sofrimento da humanidade é também fruto do pecado

Saber sofrer é saber viver. Jesus Cristo nos faz compreender o significado do sofrimento. Ninguém sofreu como Ele e ninguém como Ele soube enfrentar o sofrimento e dar-lhe um sentido transcendente.

Um dia, Karl Wuysman, escritor francês, entre o revólver e o crucifixo, escolheu o crucifixo. O fato de Jesus ter sofrido como ninguém, e ser Deus e Santo, mostra que o sofrimento não é castigo. Uma prova de que Deus não deseja o sofrimento e não o manda como castigo a ninguém um sinal forte de que o Reino de Deus já estava entre nós eram as curas, os milagres, os exorcismos, entre outros, que Jesus fazia, isto é, vitórias sobre o mal e sobre o sofrimento. Alguns perguntam: “Se Deus existe, então, como pode permitir tanta desgraça?”

A resposta católica para o problema do sofrimento foi dada de maneira clara por Santo Agostinho († 430) e por São Tomás de Aquino († 1274): "A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem" (Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2). "Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus" (Rm 8,28).

Deus, sendo perfeitíssimo, não pode ser a causa do mal, logo, é a própria criatura que pode falhar, já que não é perfeita como seu Criador. Mas, o mal pode ser também o uso mau de coisas boas. Uma faca é boa na mão da cozinheira, mas não na mão do assassino... O sofrimento da humanidade, sobretudo, é também fruto do pecado. São Paulo disse que "o salário do pecado é a morte" (Rm 6,23).

Nossos erros geram sofrimentos para nossos descendentes também. Os filhos não herdam os pecados dos pais, mas podem sofrer pelas consequências deles [pecados]. O Papa João Paulo II, em 11/02/84, na Carta Apostólica sobre o sofrimento declarou que: "O sentido do sofrimento é tão profundo quanto o homem mesmo, precisamente porque manifesta, a seu modo, a profundidade própria do homem e ultrapassa esta. O sofrimento parece pertencer à transcendência do homem" (Dor Salvífica, n. 2).

Para que o homem fosse "grande", digno, nobre, Deus o fez livre, inteligente, com sensibilidade, vontade, memória, entre  outros. Deus Pai não poderia impedir o homem de Lhe dizer "não": senão lhe tiraria a liberdade e este seria apenas um robô, uma marionete, um teleguiado. E o Altíssimo não quis isso.

Deus não é paternalista, é Pai: não fica "passando a mão por cima" dos erros dos filhos. Esta é a lei da justiça: quem erra, deve arcar com as consequências de seus erros. "Deus não fez a morte nem tem prazer em destruir os viventes" (Sb 1,13).

terça-feira, 19 de abril de 2011

Lutar com as próprias armas


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Quando estiver desanimado, nunca desista

Quando o jovem Davi se dispunha a brigar com o gigante Golias, o rei Saul emprestou sua armadura de aço, seu escudo e sua espada, porém o pastot de Belém não podia nem caminhar com tanto peso (conf. 1Sm 17, 38-39). Ele teve que renunciar às armas reais e brigar com sua funda e cinco pedras de arroio. David não derrotou Golias com as armas do rei Saul, mas com as suas próprias.
Deus também ordena ao juiz Gedeão, que se sente incapaz de enfrentar uma batalha contra os madianitas: vai e, com essa força que tens, livra Israel das mãos dos madianitas (conf. Jz 6,14).
Vamos enfrentar a batalha com toda nossa força, mas só com a força que temos. Ali está o segredo de nossa vitória.
Moisés, por sua parte, estava acostumado a apascentar o rebanho de seu sogro Jetro e vivia na rotina e na melancolia. Até que um dia se atreveu a dar um passo ao fascinante mundo do desconhecido e foi “para além do deserto”, para encontrar um novo sentido à sua existencia (Ex 3,1).

Era uma vez um grande músico chamado Nicolo Paganini, nascido em Gênova, Itália, em fins do seculo XVIII, que foi considerado o melhor violinista de todos os tempos.
Certa noite, o palco da Scala de Milán estava repleto de admiradores, sedentos para escutá-lo. Paganini colocou seu violino no ombro e o que se escutou foi indescritivel: tons graves que se misturavam com fins agudos. Fusas e semifusas, colcheias e semicolcheias pareciam ter asas e voar ao contato de seus dedos encantados. De repente, um ruído estranho surpreendeu a todos. Uma das cordas do violino de Paganini havia se rompido. Paganini continuou tocando e arrancando sons deliciosos de um violino com problemas.
Pouico depois, a segunda corda do violino de Paganini se rompeu. Como se nada tivesse acontecido, Paganini esqueceu as dificuldades e continuou criando sons do impossivel.
Pela sobrecarga do esforço, uma terceira corda do violino de Paganini se rompeu. E ele continuou produzindo melodiosas notas.
No concerto da vida, se rompem as cordas de nosso violino quando se deteriora a saúde, quando perdemos de repente pessoas queridas, quando um amigo nos traí e outras mil formas imprevistas. De qualquer maneira, o musico deve continuar tocando, inspirado na criatividade e na perseverança.
Mesmo que as cordas se rompam, seguiremos sem nos deter e florescerão qualidades ocultas que nem nós sabíamos que existiam em nosso interior. Então, os outros se emocionam e se motivam, porque percebem que, se alguém pode tocar seu instrumento musical em meio às dificuldades, eles também acreditam que podem fazê-lo.
Quando estiver desanimado, nunca desista, pois ainda existe a corda da constância para tentar uma vez mais, dando um passo “mais além” com um enfoque novo. Enquanto tiver a corda da perseverança ou da criatividade, pode continuar a caminhar, encontrando soluções inesperadas. Desperta o Paganini que há dentro de você e avança para vencer.
Vitória é a arte de continuar onde os outros se dão por vencidos. Quando tudo parece desmoronar, se brinde com uma oportuinidade e avance sem parar. Toca a mágica corda da motivação e tire sons virgens que ninguém conhece.
Toca teu violino com as cordas que tens.

do livro:  Como evangelizar com parábolas

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Amar sem anular o outro


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O autêntico amor cria no outro individualidade
O amor – em seu autêntico significado – é realidade que sempre fabrica vida e liberdade. É um sentimento, uma atitude que constantemente promove o bem e o realizar-se do objeto a que se ama.
O amor não pode ser confundido com um infundado desejo de posse, imbuído do intuito de devorar ou anular a personalidade do outro, transformando-o em um outro eu. Se assim o for, ele se transformará em um ilusório processo de manipulação, que acabará por ocultar toda sorte de egoísmos e carências infantis.
O amor, por definição, promove espaços de respeito e de autenticidade. Ele não manipula nem exige uma representação teatral, mas torna o outro cada vez mais ele mesmo, em um belo processo de acolhida da alteridade (diferença) que o compõe.
Um dos grandes erros que se pode cometer é querer amar alguém a partir apenas das próprias concepções, sem procurar entender como funciona o sistema de crenças – a cabeça – do outro e o que, de fato, lhe tem valor.
As pessoas são diferentes de nós e, assim, precisam ser respeitadas e acolhidas. É fato que por vezes a diferença nos assusta e desafia, contudo, não podemos impedi-la de acontecer, buscando trancafiá-la em um molde que só em nós encontrará o seu perfeito encaixe.
Quem ama não teme, acolhe. Acolhe o diferente que muitas vezes é até melhor que nós… e que por isso mesmo, acaba incomodando.
O outro é um outro, e assim precisa ser assimilado. Ele não tem a obrigação de gostar do que gostamos e de sempre ser o que queremos, para assim nos servir como a um fantoche afetivo, perenemente disposto a preencher nossas ausências e ideais desencontrados.
O autêntico amor cria no outro individualidade e autonomia afetiva, não o deixando eternamente escravo de nosso afeto.
Quem ama ensina o amado a também amar outras coisas além de si, pois acredita que quem foi profundamente amado não precisa ficar trancafiado neste registro afetivo, para disso se recordar.
Todo processo de posse e de excessiva exclusividade pode até ser chamado de amor, mas, no fundo, tem outros nomes, tais como apego e egoísmo.
Um amor que não promove no outro autonomia e capacidade de caminhar – individualmente – precisa ser revisto e purificado. Pois no exercício do amar, a pessoa precisa ser promovida e não absorvida pelo ato de quem ama.
O coração que deseja amar ajuda o outro a se descobrir e a, consequentemente, se assumir, solidificando, dessa forma, a própria personalidade e seu senso de autonomia pessoal.
Quem não se possui – não se compreende e não se tem… – não poderá se ofertar com qualidade, mas será suscetível de tornar-se objeto a ser anulado. Por isso, promovamos em nós mesmos e nos outros este processo de assumir-se/compreender-se, para que assim lancemos as concretas bases de um amor encarnado, que gera vida e que não se contradiz – não anula – em sua real missão e significado.